sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

QUERO MINHA METADE!




É comum, principalmente para as mulheres, dizerem que querem encontrar sua metade... ou estão à espera de alguém que irá completá-las.
            Minha avó dizia que ‘todo balaio tem sua tampa’ (para nós mineiros há outros ditados com o mesmo sentido)
            Assim, a menina cresce esperando encontrar (ou ser encontrada) pela tão sonhada tampa ou sua outra metade que vaga pelo mundo à meia também!
            A verdade é que não existe ninguém que irá nos completar, não existe alguém responsável por nos fazer feliz. É preciso abandonar a fantasia infantil para estar aberto às relações adultas. Continuar nesse ideal de busca pela metade perdida não constrói relações saudáveis.
            Quem espera que outro o complete, ao primeiro sinal de ‘falha’ sai em busca de outra tampa, de outra metade; pois acredita que falhar seja indício de incompletude.
            Quem almeja encontrar felicidade no parceiro (a); foge quando o tempo fica nublado. Nublado podem ser os contratempos da vida, as dificuldades pelas quais todos passamos em um momento ou outro. Pode ser o corpo que não é mais o mesmo do início do relacionamento, pode ser a condição financeira, a saúde...
            Se o parceiro (a) é responsável pela sua felicidade, ele (a) não tem direito a errar, da mesma maneira que a criança acredita que papai e mamãe são seres que são capazes de qualquer coisa e infalíveis!
            Como adultos somos responsáveis por nós – pelas alegrias e tristezas – pelas escolhas que fazemos. Somos responsáveis pela nossa parte em cada relacionamento, é sinal de maturidade assumir o que é seu e parar de responsabilizar/culpar o parceiro (a) por tudo o que deu certo ou errado (na maioria das vezes, o outro é culpado quando algo dá errado).
            Quando se torna responsável por você mesmo, sai da posição infantil de buscar um parceiro (a) com função materna/paterna que te dê garantias que não há monstros debaixo da cama.
            O interessante nas relações afetivas é que as pessoas que ocupam posição infantil se encontram com aquelas que ocupam a posição maternal/paternal e irão construir essas relações infantilizadas que estão cada vez mais comuns.
            Preste atenção no papel que você ocupa, talvez seja o momento de crescer. A psicoterapia sistêmica lança luz sobre as alianças, os mitos, as lealdades familiares que contribuem para que alguns fiquem na posição infantil. É possível fazer as pazes com o sistema familiar e seguir com sua vida. Você faz parte da sua família, mas tem uma história a escrever.
            Talvez você já tenha se acostumado a ser a criança da família, amadurecer às vezes vem com uma crise; acredite: vale a pena ser gente adulta.

           



 Imagem: Google images