É muito comum as pessoas, principalmente estudantes, afirmarem que não gostam de ler. Acham isso chato, enfadonho, perda de tempo.E, de fato, os números indicam que os brasileiros lêem pouco. Mas, afinal, qual é o problema?
Em um mundo onde tudo tem sido muito rápido, onde a cultura do ‘fast’ infiltra diariamente o cotidiano, ler parece algo da idade da pedra. Curtir a leitura de uma boa história parece ser completamente fora de época.Afinal, a idéia de respostas rápidas não combina com leitura de livros para resumir ou pesquisar sobre um assunto. Basta apenas acionar uma tecla do computador que o resumo e a pesquisa estarão prontos.
Com isso a Internet passa a ser vista como um problema, a vilã que tem impedido os estudantes de ler. Mas ela não deveria ser um recurso fantástico para leitura?
Vivemos em um mundo cercado de informações: rádio,TVs, jornais, revistas, Internet, todos possibilitam o acesso aos acontecimentos mundiais, debates, cultura, esporte,arte. Nunca tivemos tantas possibilidades e tantos jovens desconectados.
A Internet nos permite acessar títulos de obras raras, de qualquer parte do mundo. Antes, esse tipo de material só poderia ser encontrado nas grandes bibliotecas e era acessível a pequenos grupos, com condições de viajar para conhecê-las. Atualmente, ao simples comando do mouse, elas aparecem na tela do computador.
A rede ainda permite a leitura de diversas revistas científicas, facilitando o trabalho de pesquisa para aqueles estudantes que dizem não ter tempo para ir a bibliotecas: em uma hora você consegue ler diversos artigos. Infelizmente, as pseudo-pesquisas são copiadas e coladas. Se você está diante de um recurso tão rico, pode usá-lo para seu crescimento intelectual.
O que aconteceu com a ética? Em nome da preguiça, da falta de tempo, do não gostar de ler, basta um comando de copiar e colar e os estudantes dizerem que pesquisaram? Enganam-se a si mesmos e aos professores (que fingem não ver).
O que acontece, então, são pseudo-informações.Os estudantes acham que sabem, que pesquisaram e que compreenderam o assunto, quando na verdade apenas copiaram o trabalho. Não desenvolveram a capacidade de argumentar, aperfeiçoar a leitura e criticar.
Os tempos mudarama. A tecnologia propicia uma série de possibilidades, mas uma parcela dos estudantes ainda pensa que, para algumas profissões, não será necessário o hábito da leitura. Sentem-se incomodados quando os professores pedem para ler mais. Para alguns, existe a preocupação de falar uma língua estrangeira. Porém, se esquecem que saber bem o português é primordial.
Talvez o maior problema esteja no nosso sistema educacional, que não possibilita a leitura como ato de prazer. Ler não é só juntar sílabas, não é castigo. Ler é interpretar, argumentar, é dar asas à imaginação.Assim é possível que escrever também se torne mais prazeroso,algo mais acessível e mais fácil.
A Internet pode ser valiosa na busca de livros. Cada estudante precisa descobrir qual é o tipo de leitura que maais o atrai. Você não pode dizer que não gosta de ler, se não leu gêneros diferentes.Dizer que prefere computador não te impede de ser um bom leitor. A diferença é que, ao invés de você virar páginas, você irá clicar no mouse.
Parafraseando Carlos Drumonnd de Andrade que nos diz que “Amar se aprende amando podemos dizer que "ler se aprende lendo".E pode se tornar uma paixão. Tomara que, com tantos recursos, possamos ter estudantes mais críticos, mais questionadores e mais apaixonados.(Publicado no Jornal Estado de Minas, Caderno D+,06/02/2007)
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